Ed Paes
Lima Barreto, o Genial mulato.
Atualizado: 15 de mai. de 2020
O moderno antes do moderno, o mulato que cantou o Rio e o subúrbio.
Numa da muitas cartas que trocou com Lima Barreto, o grande escritor Monteiro Lobato, escreveu; “... Meu caro Lima Barreto... Mais tarde será nos teus livros e n’alguns de Machado de Assis, mas, sobretudo nos teus, que os pósteros poderão “sentir” o Rio atual com todas as suas mazelas de salão por cima e Sapucaia por baixo. Paisagens e almas, todas estão tudo ali. (...) ...”.
Lobato tinha razão ninguém “sentiu” a cidade do Rio de Janeiro como Lima Barreto.
O Rio “Barretiano” está vivo na memória do Povo, graças ao olhar crítico e apaixonado do escritor. Lima Barreto não retratou apenas o Rio das belas Avenidas, dos bairros chics, da moda da Rua do Ouvidor. Ele mostrou o Rio verdadeiro, o Rio vivo, e escreveu e descreveu o subúrbio com maestria.
Se a nossa ciência, hoje tão avançada, pudesse criar uma máquina do tempo, para ressuscitar qualquer um dos escritores brasileiros do início do século XX, que marcaram a nossa Literatura, eu acredito que somente Lima Barreto poderia desfilar entre nós sem causar espanto, por sua incrível atualidade.
Lima Barreto sempre foi moderno, antes do mesmo do Modernismo decretado pelo movimento de 1922. Escritor e percussor do jornalismo moderno, sua crônicas são de uma atualidade incrível. Muitas delas, lidas hoje em dia, parecem que foram escritas “ontem” mesmo. Ele, se vivo fosse, teria muito a dizer, colaborar e ensinar às novas gerações.
Ainda sim Lima Barreto sofreu e sofre com a falta de reconhecimento, pelo menos o reconhecimento devido a sua obra e a seu talento. Muita se comemora, justamente, diga-se de passagem, Machado de Assis, e pouco se comemora Lima Barreto. Machado goza de um prestígio que o santifica, enquanto o prestigio de Lima Barreto é injustamente demonizado. Em meu livro Afonso - Um sonho de glória eu conto a história da vida desse grande e injustiçado escritor.